Por Mariana Viana

segunda-feira, 30 de março de 2009

Vila Maria Zélia como espaço cênico do Grupo XIX de Teatro | PARTE I


A VILA

A sensação é de estar no começo do século XX, bem longe do que hoje é a cidade de São Paulo. O som e o clima parecem mudar quando você entra na vila. Há silêncio, ar puro, aspecto interiorano. Lugar onde praça e calçada continuam a ser pontos de encontro de moradores no fim da tarde, que parecem não ser afetados pelo ambiente caótico da cidade lá fora.

Localizada entre as ruas Cachoeira e Prazeres no bairro Belenzinho na zona leste da capital, a Vila Maria Zélia foi a primeira vila de operários no Brasil, criada pelo industrial Jorge Street para abrigar seus funcionários da Cia Nacional de Tecidos de Juta. Construída em 1917, foi feita com o objetivo de manter os funcionários próximos ao seu local de trabalho, oferecendo-lhes uma série de confortos como creches e escolas para seus filhos, farmácia, armazém, sapataria, restaurante, clube, igreja e salão para bailes.

Hoje é considerada patrimônio histórico cultural da cidade, tombada desde a década de 90. Seus 171 casarões tornaram-se um atrativo para estudantes de arquitetura, artistas, políticos, produtores e escritores. Por ser um local arborizado com uma arquitetura com cara européia do início do século XX, virou cenário de alguns comerciais, longa-metragens, seriados e novelas brasileirase e, desde 2004 , espaço cênico do Grupo XIX. Produções como "O Corintiano" de Mazzaropi (1966), "No País dos Tenentes" de João Batista de Andrade (1987); novelas como “Meu bem, meu mau” e “Cidadão Brasileiro”; além de alguns livros publicados a respeito da vila, como “A fábrica do sonho” de Palmira Petratti. Graças a esse interesse no local, a vila tem ganhado cada vez mais colaborações para revitalizar seu patrimônio.

Logo na entrada podemos ver a praça com o nome do fundador da vila. À frente está a capela e, do seu lado direito o que restou da sapataria, o salão de bailes, que funcionava no andar de cima, e o restaurante. É um prédio abandonado, com destroços de máquinas e paredes que podem ser vistas pelas gretas da janela. Do lado esquerdo, o antigo Armazém, local que hoje, graças à luta dos moradores para conseguir restauração, se tornou o Museu da Memória e funciona a sede do Grupo XIX de Teatro.

Atualmente os moradores ainda batalham pela restauração dos prédios que ainda estão desativados pertencentes ao INSS após dívidas fiscais em 1931. A idéia é transformar todos os ambientes que hoje são ruínas em locais que gerem atividades culturais para a população.

"Estamos lutando há mais de 20 anos pela memória da vila e a situação das áreas abandonadas pede urgência na resolução desse impasse", explica Éride Albertini, moradora e diretora de cultura da Vila Maria Zélia, responsável pelos movimentos culturais da vila, coordenando o andamento de oficinas de teatro, fotografia e música.

Continua...

sexta-feira, 27 de março de 2009

Movimento 27 de março


Hoje é o dia mundial do teatro e do circo. Cerca de 300 pessoas, de 55 grupos de teatro de São Paulo, ocuparam o prédio da Funarte esta manhã, a fim de tentar um diálogo com o Ministério da Cultura. Não participei do Movimento, mas a Cia dos Imaginários, da qual faço parte, esteve bem representada por Caio Marinho, que conta como foi a manhã em um texto que escreveu para o Digitando Teatro. Trechos de seu texto:

"O movimento 27 de março, que ocupou (não invadiu, como tem sido divulgado, pois trata-se de um espaço público) a Funarte na madrugada de quinta feira, não passa nem perto de defender a lei, e sim a sua extinção, abrindo espaço para novos mecanismos de incentivo cultural, que não dependam do patrocínio privado, que utiliza a ação cultural para auto-promoção. Estes, entre outros direitos exigidos por nós, estão na carta aberta, lida e entregue aos representantes do MinC às 13h da sexta-feira, 27 de março, após mais de sete horas de ocupação".

No Blog da Bacante, é possível ver a carta aberta na íntegra.

Crédito da foto.

terça-feira, 24 de março de 2009

Por menos impostos para a cultura!

Recebi por e-mail esta petição, que será enviada ao Governo Federal e Congresso Nacional, para que sejam revistas as abusivas taxas para o setor cultural:

MENOS IMPOSTOS PARA A CULTURA, MAIS DESENVOLVIMENTO PARA O BRASIL

Na segunda quinzena de dezembro de 2008, quando a atenção de todos se voltava para a virada do ano, o Governo sancionou a Lei Complementar nº 128/08, que prejudica – e muito – as produtoras audiovisuais, de artes cênicas, escolas de arte e os produtores de cultura em geral.

Com a lei as empresas de produção cultural, que haviam conquistado o direito de participar do Simples, e estavam enquadradas nos anexos III e IV da LC nº 123/06, foram reenquadradas no Anexo V, em decorrência do disposto pelo art.3º da LC nº 128/08. Isso representou altíssima majoração na carga tributária do setor, que incide sobre a arrecadação bruta, passando do mínimo de 6% na lei anterior para o mínimo de 17,5% na nova lei.

Num cenário de crise econômica mundial, em que o Governo estimula setores da economia com desoneração tributária e vultosos empréstimos para investimento, é inadmissível que o setor cultural seja sacrificado com tal medida, a qual provocará milhares de demissões no segmento. Atrelado a isso, o Ministério da Cultura teve seu orçamento cortado em 78% e propõe a alteração de principal mecanismo de financiamento à cultura.

As medidas contrariam a tendência mundial de investimento e incentivo público ao setor econômico que mais cresce, gera empregos e sustentabilidade no mundo.

Diante de tamanha insensibilidade governamental, as pessoas e organizações abaixo assinadas, que representam artistas, produtores, produtoras, empresas que geram emprego e renda na área, vêm a público repudiar o aumento da carga tributária do setor e pedir providências urgentes do Executivo e do Legislativo no intuito do retorno à carga tributária anterior.


ASSINEI.

Quer ler mais sobre o assunto? Acesse esse post do site Cultura e Mercado, do Leonardo Brant. No fórum criado abaixo, é possível percebermos diversos pontos de vista da classe artística, que nos permite entender melhor a petição.

sábado, 21 de março de 2009

O Ensaio

O Ensaio Sobre o Teatro não tem a pretensão de cobrir toda a agenda teatral de São Paulo. Nem de fazer reportagens e mais reportagens sobre teatro. Há outros meios que fazem isso muito bem. Mas sim, agregar informações dispersas na web sobre o meio teatral. Discutir o teatro de grupo de dentro (do meio) para fora. Refletir, talvez, como o teatro se insere na sociedade.

Evoé!