Por Mariana Viana

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Release do Quixote | Cia dos Imaginários

QUIXOTE, livre adaptação sem texto da obra de Miguel de Cervantes reestréia hoje no Teatro Paulo Eiró.

Após temporada no Centro Cultural São Paulo, o espetáculo Quixote, da Cia dos Imaginários, direção de René Piazentin, volta aos palcos em curta temporada no teatro Paulo Eiró, entre os dias 15 e 31 de maio. A jovem companhia mostra sua releitura da obra sem utilizar texto. Com o foco na questão imagética, utiliza ações físicas, trilha sonora pop e um desenho de luz diferenciado para criar a atmosfera lúdica da montagem.

Ao construir o espetáculo o grupo não se preocupou em adaptar a obra de Cervantes, mas sim criar livremente a partir da figura central do cavaleiro andante, imagens que para eles traduziam o espírito quixotesco de sonho, utopia e crença em um mundo diferente.

Assim, a peça refaz a trajetória do Cavaleiro da Triste Figura através do processo colaborativo, mostrando uma série de situações que traçam paralelos com momentos importantes do romance que povoam o imaginário coletivo, como o enlouquecimento de Quixote após a excessiva leitura de novelas de cavalaria, seu rompimento com a realidade, a partida para a aventura, a idealização de sua musa Dulcinéia Del Toboso, o encontro com o fiel escudeiro Sancho Pança, o duelo com gigantes e a célebre cena dos moinhos de vento. A montagem moderniza a obra de Cervantes a partir de referências de ídolos da contemporaneidade como Gandhi, Martin Luther King e Charles Chaplin, e trilha sonora pop composta por Beatles, Moby, Fred Zero Quatro, Prodigy.

Durante a encenação, um coro de leitores assume personagens variados e incorpora dragões e gigantes. O cenário se assemelha a um grande porão de lembranças, repleto de rodas de bicicletas e livros antigos. A escolha de pijamas como figurinos, o desenho de luz e o uso de lençóis brancos ajudam a compor a ambientação onírica. Os objetos desse porão são transformados e adaptados para se assemelharem às imagens, personagens e locações da obra original. Assim, com bicicletas no lugar do cavalo Rocinante e do burro Ruço, coletes salva-vidas no lugar de armaduras e guarda-chuvas no lugar de lanças, a peça ganha também um tom lúdico. Tão lúdico e onírico quanto um aviãozinho de papel preso em uma gaiola, como se vê em uma das cenas.

“Quixote é uma metáfora e uma fábula. Ou a metáfora de uma fábula”, diz René Piazentin. “Quixote se dá a liberdade de olhar o mundo com outros olhos, de enxergar aquilo que nos é posto como definitivo de uma maneira transgressora. Ele nos redime da obrigação de sermos heróis e nos inscreve na categoria dos ‘anti-heróis’ imperfeitos, patéticos, cheios de falhas e desejos impossíveis. É o herói que se trai, que revela seu lado fraco, que é humilhado, massacrado, mas defende seu direito sagrado de crer que o mundo pode – ou ao menos deveria – ser diferente. E é bonito ver o herói se traindo. Porque é humano”.

Dom Quixote de La Mancha

Considerado como o primeiro romance moderno, El Ingenioso Hidalgo Don Quixote de La Mancha é, sem dúvida, uma das obras máximas da literatura universal. Ele teve sua primeira parte publicada em 1605, em Madri, por Miguel de Cervantes Saavedra e tornou-se célebre já em sua época, ganhando uma segunda parte em 1615, publicada em 10 edições de 1500 exemplares cada. Segunda obra mais lida e traduzida depois da Bíblia, foi eleita em 2002 como o melhor livro de todos os tempos pelo Instituto Nobel da Noruega.

Cia dos Imaginários

A Cia dos Imaginários formou-se pelo interesse em pesquisar uma linguagem cênica que valorizasse mais a construção de imagens e símbolos que o aspecto verbal. Ela iniciou sua pesquisa com a montagem de “As Troianas”, de Jean-Paul Sartre, em 2005, seguido dos processos com “Quixote” e “Hamlet-Zero”. Nos três trabalhos, há em comum a busca de uma linguagem que valoriza o aspecto físico na interpretação e o imagético na encenação.

Ficha técnica

QUIXOTE, adaptação livre do texto de Miguel de Cervantes
Direção - René Piazentin
Assistente de Direção – Nathalia Dezoti
Iluminação, cenário e figurino - René Piazentin
Maquiagem - Carolina Costa
Apoio Teórico - Leila M. Ruiz Babadópulos
Programação Visual - Aline Baba e Caio Franzolin
Divulgação – Caio Franzolin, Caio Marinho e Mariana Viana
Produção - Núcleo Imaginário de Produção
Elenco - Aline Baba, Caio Franzolin, Caio Marinho, Camila Nardoni, Carolina Costa, Felipe Ormeni, Kedma Franza, Luana Frez, Mariana Viana, Thaíssa Landucci e Vinicius Roszczewski

Serviço

QUIXOTE
15 a 31 de maio
Sextas e sábados às 21h
Domingos às 20h
Duração: 60 minutos
Recomendação – livre
Gênero: Fábula dramática
Dias 15, 16 e 17 - grátis
Ingressos: R$ 10
Meia entrada para idosos, estudantes e classe teatral
Capacidade: 600 lugares
Teatro Paulo Eiró
Av. Adolfo Pinheiro, 765 - Santo Amaro
Tel: 5546-0449


Crédito das fotos acima: Lenise Pinheiro, do blog Cacilda.

ESPERO VOCÊS LÁ! :)

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Relembrando Augusto Boal II

Quem vai relembrar Augusto Boal também hoje é o programa Espelho, do Canal Brasil. Em entrevista à Lázaro Ramos, Boal faz uma retrospectiva de sua carreira, fala sobre seus projetos artísticos, como o Teatro do Oprimido, que lhe rendeu uma indicação ao Prêmio Nobel em 2008. Hoje às 21h30 e amanhã às 16h.

domingo, 10 de maio de 2009

Relembrando Augusto Boal I


"Eu sou homem de teatro e não posso deixar de falar de Arte e Cultura quando falo de Política, porque a Política é uma Arte que a Cultura produz.

Temo que, mesmo entre nós, muita gente ainda pense em arte como adorno, e nós dizemos: não é! A Palavra não é absoluta, Som não é ruído, e as Imagens falam. São esses os três caminhos reais da Estética para o entendimento: a palavra, o som e a imagem. São também os canais de dominação pois estão os três nas mãos dos opressores, não dos oprimidos: a Palavra dos jornais, o Som das rádios, as Imagens da TV e do cinema estadunidense, dominam nossos meios de comunicação e invadem nossos cérebros com seu pensamente único, seus projetos imperiais e suas mercadorias.

Acabou-se o tempo da inocência... o tempo da contemplação já não é mais. Temos que agir!

Palavra, imagem e som, que hoje são canais de opressão, devem ser conquistados pelos oprimidos como formas de libertação. Não basta consumir Cultura: é necessário produzi-la. Não basta gozar arte: necessário é ser artista! Não basta produzir idéias: necessário é transformá-las em atos sociais, concretos e continuados.

A Estética é um instrumento de libertação.

Eu felicito o nosso Ministério da Cultura pela criação de mais de mil Pontos de Cultura no Brasil inteiro, onde o povo tem acesso não só à Cultura alheia, mas aos meios de produzir sua própria Cultura sem servilismos, sua Arte sem modismos, porque entendemos que Arte e Cultura são formas de combate tão importantes como a ocupação de terras improdutivas e a organização política solidária.

Sonho com o dia em que no Brasil inteiro, e no inteiro mundo, haverá em cada cidade, em cada povoado ou vilarejo, um Ponto de Cultura onde a cidadania possa criar e se expressar pela arte, afim de compreender melhor a realidade que deve transformar. Nesse dia, finalmente, terá nascido a Democracia que, hoje, só existe em Fóruns como este!

Ser cidadão, meus companheiros, não é viver em sociedade: é transformar a sociedade em que se vive! Com a cabeça nas alturas, os pés no chão, e mãos à obra!"

Augusto Boal

Belém do Pará. Parte do discurso de Boal no Fórum Social Mundial. 31 de Janeiro de 2009. Veja o discurso completo aqui.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Ensaio Sobre o Teatro no Twitter

O Ensaio Sobre o Teatro não quis ficar fora da "nova" moda da web. Agora você pode conferir com mais rapidez, aqui no Twitter, as novidades teatrais selecionadas pelo Ensaio.

domingo, 3 de maio de 2009

IV Mostra Latino Americana de Teatro de Grupo no CCSP

04 de maio |18h| Sala Jardel Filho
Grupo Cultural Yuyachkani (Peru), com a peça El Último Ensayo

05 de maio |21h| Sala Adhemar Guerra
Brava Companhia (São Paulo), com a peça A Brava

05 de maio |21h| Sala Jardel Filho
Cia. Brasileira de Teatro (Paraná), com a peça Volta ao Dia

06 de maio |20h| Sala Jardel Filho
Cia. dos Atores (Rio de Janeiro), com a peça Talvez e Apropriação

07 de maio |12h| Jardim Suspenso
Tropa do Balaco Baco (Pernambuco), com a peça A Paixão e a Sina de Mateus e Catirina

07 de maio |21h| Sala Adhemar Guerra
Teatro do Concreto (Brasília), com a peça Diário do Maldito

07 de maio |21h| Sala Jardel Filho
Institución Teatral El Galpón (Uruguai), com a peça Un Hombre és um Hombre

08 de maio |21h| Sala Adhemar Guerra
Coletivo de Teatro Alfenim (Paraíba), com a peça Quebra Quilos

08 de maio |21h| Sala Jardel Filho
Delta Teatro (México), com El Angel de Voz Dura... Uma História Del Che Guevara

09 de maio |14h| Sala Jardel Filho
Grupo Galpão (Minas Gerais), com Till Eulenspiegel

09 de maio |21h| Sala Adhemar Guerra
Teatro La Cueva (Bolívia), com El Outro Huevo de Colón

10 de maio |20h| Sala Jardel Filho
Périplo Compañia Teatral (Argentina), com La Conspiración de los Objetos

Leia mais sobre a mostra aqui no site oficial dela.

sábado, 2 de maio de 2009

"Ser humano é ser teatro", Augusto Boal.


Morre nesta madrugada, aos 78 anos, de insuficiência respiratória, o teórico, diretor e dramaturgo Augusto Boal. Rio de Janeiro.