Por Mariana Viana

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Sobre o Ato Sem Palavras I

"A delícia de estudar Beckett é porque ele te dá pistas", conta Cristiane Paoli Quito, diretora da Cia Inadequada (EAD).

Estive no TUSP segunda-feira e posso dizer que realmente foi legal. E durante o diálogo com o grupo no fim da apresentação, fiquei mais impressionada ainda quando Quito falou que "o trabalho é improvisado, então as três noites foram direntes".

Ato Sem Palavras I é um roteiro de rubricas escrito por Samuel Beckett em 1956. É sobre a impotência e a fragilidade humana. Mostra um homem preso em um deserto, o que é bastante irônico, tentando encontrar saídas para seu mal-estar. Na busca por sombra e água, recebe objetos que aparecem e desaparecem misteriosamente. O resultado é uma mistura de sarcasmo e cumplicidade com aquele(s) homem, pela cômica condição que se encontra. Prova mais uma vez para mim, que a sensação se dá através de algo que é muito mais complexo do que a palavra. É o que reafirma Tarina Quelho, preparadora corporal da Cia, quando diz que "a imagem da palavra é também a imagem da sensação".

Aline Baba, do Digitando Teatro, esteve comigo no TUSP. A atriz, que já participou de duas montagens de Beckett, Fim de Partida e Esperando Godot, dá sua opinião sobre a montagem da Cia Inadequada. "Beckett é tudo. O exercício foi muito bem feito e construído intensamente pelos integrantes. O que deu total significado para o título da mostra, um experimeto de improvisação tão bem executado que é díficil acreditar que realmente foi improvisado. E deu vontade de voltar pra ver outro dia, para ver as diferenças, pena que estive no último". Pena mesmo. Eu também gostaria de ter visto mais.

Com Bruna Machado, Fabiano Benigno, Fernanda Raquel, Silvia Suzy e Thaís Póvoa.

Achei no YouTube um clipe do Ato Sem Palavras I com a Cia Inadequada. É antigo, de 2008, tempo em que o elenco era maior. Mas vale a pena dar uma olhada.



Mais uma opinião sobre a apresentação da Cia Inadequada no TUSP? Aqui.

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